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Nathalia
Figueira é psicanalista, graduada em psicologia. Atende
em consultório particular no Bairro de Icaraí
na cidade de Niterói. Ministra grupos de leitura em seu
consultório para os que estão em formação
psicanalítica e para os que têm interesse nessa
prática. Reflete sobre cultura, modernidade e as dores
da alma no nosso contemporâneo. A coluna “Num só
divã” tem o intuito de convidar abrindo espaço
para escuta psicanalítica, comentários e interlocução
com os leitores.
Telefone para contato: (21) 99413-13-16
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Relacionamentos:
a violência psicológica e/ ou o abuso emocional.

Como falar de algo que para muitos é uma questão fantasma?
Como identificar se você está num relacionamento abusivo
e/ ou violento? Essa é uma questão delicada, mas que
vale a pena abordar já que sua incidência é muito
comum e pode estar presente em qualquer fase da vida.
Relações abusivas são caracterizadas por violência
psicológica, o ciúme é muito comum, manipulação
e jogos de controle também. Nesse tipo de relação
habita um inimigo invisível e neste caso não é
vantajoso manter-se próximo a ele.
Geralmente uma pessoa abusiva é esperta e costuma fazer você
achar que sempre está errado, portanto, a culpa parece sempre
ser sua. Esses tipos de sujeitos tentam passar uma imagem de superioridade,
mas que na verdade debaixo de suas máscaras são pessoas
que possuem a marca de uma depressão profunda. Indivíduos
com a necessidade de maltratar o outro para não transparecer
sua fragilidade, para si e para os demais.
Por outro lado, temos o sujeito que vive no relacionamento a violência
psicológica. É muito comum que esses saibam, ou ao menos
desconfiem que algo não vai bem.
Esses sujeitos além de se deixar levar por uma relação
manipulada e controladora tendem a ter baixa autoestima. Se sentem
paralisados e escravos emocionalmente do outro e apesar disso não
conseguem sair da relação. Vivem para agradar e satisfazer
seu agressor psicológico. Vale destacar que nesses casos o
abusado psicologicamente e abusador encontram-se identificados um
com o outro. Um é imagem e semelhança do outro.
Se você é uma dessas pessoas que desconfiam, mas isso
não é o suficiente para mudar de vida, pense novamente.
Questione-se por quais razões você se deixa bater emocionalmente.
Bater pelo outro e por você mesmo, pois é certo que essa
posição prevalece em todas as suas escolhas e está
em tudo na sua vida.
Se livrar do abuso psicológico, muitas vezes é mais
difícil do que abandonar o abuso físico. Se você
vive numa relação onde seu parceiro ou parceira diz
que vai mudar, mas não muda; faz promessas que não cumpre
e que acabam tornando-se regra na relação, pense se
realmente e até quando vai valer a pena ficar a mercê.
Quanto mais vezes um casal, por exemplo, fica no vai e vem, quanto
mais você recebe a pessoa de volta, mais controle ela terá
sob sua vida.
Um relacionamento saudável deve ser pautado na confiança,
liberdade e respeito. A autoestima vigora para ambos. Quando é
saudável é ótimo ver o outro brilhar! Mas se
ambos não estão dispostos a procurar ajuda, tais comportamentos
levarão os dois para o fundo do poço! Provavelmente
não construirão nada juntos. É importante ressaltar
que para uma relação se sustentar e ser legal não
basta um voltar seu olhar para o outro, isso faz parte, mas não
pode ser assim o tempo todo. É preciso que ambos olhem na mesma
direção.
Certamente é no encontro de duas loucuras que se dá
o amor, seu melhor e seu pior. Mas é no desencontro que o amor
pode vir a se sustentar. Chamo aqui de desencontro a própria
diferença subjetiva de cada sujeito numa relação.
É quando se suporta a diferença no outro que algo de
um laço saudável pode surgir. Amar muito, amar pouco,
viver no desamor ou simplesmente não amar, são maneiras
de dar uma resposta a suposição de que lugar se ocupa
para o outro. O grande problema mesmo é quando o limite do
outro extrapola, o sujeito estaciona, o movimento desejante acaba
por conta do amor.
Se você já identificou que está num relacionamento
abusivo ou violento, se já percebeu a maneira como você
se oferta para outro e até mesmo já procurou ajuda,
ótimo! O próximo passo é que seu parceiro ou
parceira procure ajuda também. Mas se ele ou ela diz que vai
mudar e não procura ajuda para seu comportamento, ou seja,
nada é reinventado no modo como se ama, a sua única
opção é sair fora! Afinal, o pior cego é
aquele que não quer se ver.
Essa tal felicidade...
Por Nathalia Figueira

Da próxima vez que você se sentir triste, angustiado
ou frustrado, não ponha estes sentimentos de lado. Diferente
do que o nosso contexto social impõe, ficar afetado frente
à angústia, por exemplo, pode ser um aliado.
Sentimento como a tristeza é por vezes, ignorado ou mal visto
no meio social. Infelizmente vivemos com a crença que a “felicidade
é um direito”, onde mostrar-se triste ou simplesmente
estar frustrado é proibido. Se você é uma dessas
pessoas que acha que a felicidade deve estar presente em todo o tempo
na vida, provavelmente tristezas, frustrações e angústias
são mais avassaladoras para você.
Seja por uma perda ou por algum momento difícil na vida, sentir-se
triste, frustrado ou estar afetado pela angústia é necessário
para poder avançar no que diz respeito ao seu desejo. Você
já se perguntou o que realmente quer para sua vida? O porquê
de estar se sentindo angustiado?
A questão é: é possível viver uma vida
sem angústia? Sem frustrações? Pois bem, a resposta
é não! Estes sentimentos fazem parte da condição
humana. São afetos que não enganam e que trazem a tona
o que é mais estranho a si próprio, ou seja, sua posição
frente ao outro, seu semelhante. A sociedade atual parou de se interrogar
faz tempo e talvez seja por essa razão que os sujeitos de hoje
estejam vivendo o sofrimento e a infelicidade como algo que deve ser
excluído ou camuflado. Excluído por não mais
poder falar do que nos afeta e camuflado, por exemplo, com o uso e
abuso de medicações de “tarja preta” como
presenciamos nos relatos dos pacientes na clínica.
Quando estes sentimentos e afetos estiverem diante de você,
atuantes em sua vida, use-os como alerta para poder se interrogar.
Não se cale! Este pode ser um momento de elaboração
psíquica muito importante. Através das palavras podemos
fazer uma borda frente à realidade que nos afeta e que trazem
para superfície o que não queremos saber. |
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