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Considerado o homem mais resistente do planeta, Alexandre conquistou pela sexta vez, em 2012, o ULTRAMAN. Graduado em Educação Física pela Universidade Gama Filho, é treinador desde 1983. Em seu curriculo ainda consta o recorde brasileiro no Ironman Hawaii e do Race Across América. Alexandre tem 4 citações no Guinnes Book.

Respirar é preciso
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


Respirar corretamente é um aspecto muito importante da corrida. A maioria das pessoas pensa que o ato de correr é realizado principalmente pelas pernas, e com alguma ajuda dos braços, mas isso simplesmente não é verdade. O sistema respiratório tem um papel fundamental na eficácia de um corredor. A coluna desta semana irá oferecer algumas informações sobre técnicas básicas de respiração e exercícios que podem ser muito benéficos para os corredores. Já é sabido que não existe a respiração "certa", ela tem de ser natural. Aquele conceito de inspirar pelo nariz e soltar o ar pela boca já caiu, visto que na hora esforço, o aporte de oxigênio necessário captado pela boca é bem maior que pelo nariz. O melhor exemplo é ver as fotos dos maratonistas de elite correndo, de boca aberta e tentando captar o ar por onde puder… Entretanto, alguns exercícios podem ser feitos para incrementar esta capacidade.

Sua respiração durante a corrida tem um efeito positivo no seu desempenho. Uma técnica que pode ser utilizada em treinamento é a respiração ligeiramente mais lenta do que seu corpo necessita quando você não está em movimento. Esta técnica trabalha seu sistema respiratório e força o coração a bater mais rápido. Com o tempo seu corpo aprende a compensar a falta de oxigênio, fazendo que, quando você não está praticando esta técnica, fique mais eficiente no processamento do ar que respira.

Uma demonstração desta técnica é na natação. Nadadores praticam respiração alternada ou bilateral, que consiste em respirar a cada três braçadas, por exemplo. No início seu corpo exige mais oxigênio, mas como eles continuam a praticar esta técnica, o corpo se ajusta à diminuição do oxigênio e se torna mais eficiente e capaz de funcionar com apenas um fôlego para cada três braçadas. Triatletas – por "obrigação" – e corredores que utilizam a natação como complemento a seus treinos frequentemente apresentam excelente eficiência no processamento de oxigênio, simplesmente porque as técnicas de respiração que eles usam para a natação tendem a ajudar seus corpos para serem mais eficientes.

Muitas vezes, durante um longão, ou mesmo uma corrida de menor importância, o corredor pode perder o foco e sair do ritmo da respiração que ele tinha a intenção de empregar durante toda a corrida. Esta perda de ritmo respiratório pode ser resultado do corredor simplesmente esquecer de se concentrar na respiração ou também pode ser resultante de um fator de fora, que causou ao corredor a mudança no seu padrão de respiração. Uma boa forma de poder evitar este problema e manter a sua respiração no ritmo é regular seus ciclos com os seus passos. O mesmo princípio pode ser aplicado em uma técnica simples, mas eficaz, de fazer um esforço para respirar de dentro ou para fora de acordo com um padrão definido. Esta técnica de respiração simples pode ter um efeito calmante e colocar o corredor num estado muitas vezes referido como a zona de conforto.

Os corredores que chegam a este estado são capazes de se manter "funcionando" como um relógio, num ritmo compatível com uma grande eficiência. Muito parecido com um metrônomo (relógio que mede o andamento musical), o corpo do corredor estará operando em ritmo muito consistente e repetitivo. Ele então verá que os braços, pernas, pés e respiração estão todos seguindo a mesma batida, fornecendo a "distração" perfeita para a dor que você poderia sentir durante o esforço. Desta forma, a técnica de respiração não só ajuda a tornar o corredor mais eficiente, mas também ajuda a manter a mente fora da zona de dor.

??A respiração profunda é uma outra técnica que pode ser utilizada durante a corrida. Ela ajuda o atleta a ficar relaxado e pode auxiliar a diminuir a fadiga. Esta diminuição é geralmente resultante dos músculos não sendo contraídos desnecessariamente. A capacidade de relaxar durante uma corrida é muito importante porque a tensão desnecessária pode causar um declínio no desempenho. Por exemplo, os corredores muitas vezes se esquecem de relaxar e não percebem alterações inadvertidas que estão fazendo à sua mecânica quando sentem dor. Alguns destes problemas comuns que afligem os corredores são, por exemplo: correr com o rosto tenso e fechado; correr com os punhos cerrados e correr com os ombros demasiadamente elevados. Essas atitudes muitas vezes resultam em fadiga e dores musculares.

Um exercício de respiração bom que ajuda a promover esse relaxamento durante a execução é envolver-se em respiração profunda. Durante um treino ou uma corrida que você esteja tenso, procure realizar uma respiração normal e expire depois tudo que puder para fora. Durante a expiração, você deve concentrar-se em liberar toda a tensão, agitando seus braços, abrindo suas mãos e movendo a cabeça em um círculos. Essa combinação de atividades irá fornecer-lhe uma maneira fácil de permanecer relaxado durante a corrida, sem você precisar alterar suas passadas durante a execução dos exercícios.

Estas técnicas são eficientes para a maioria dos corredores, e podem ser muito benéficas, além de não requerem uma grande quantidade de esforço para fazer com que você atinja eficientes padrões de respiração. Agora, caso já tenha as suas, é importante também utilizá-las. Em treinamento esportivo não existe a chamada "melhor maneira", existe a "melhor maneira para você".


Corrida contra o tempo

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas



Acordar, tomar um café rápido, colocar o calçado e correr... para o trabalho! Essa é a rotina da maioria das pessoas que conhecemos. Essa corrida diária onde o resultado final é o salário no quinto dia útil do mês seguinte, acaba por tolher o tempo para cuidar de nossa saúde, nossa família, nosso lazer; tudo que mais gostamos de fazer e que acaba ficando em segundo plano por causa da correria do nosso mundo globalizado. ??

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. Esse sábio pensamento de Charles Chaplin mostra como é triste não viver a vida e, simplesmente, deixá-la passar. Um grande aliado nessa busca eterna pela qualidade de vida é o movimento. Exercite-se, mexa-se e, se puder, tente correr. Sou um grande defensor da corrida como forma de conciliação na batalha "trabalho x saúde".?

Se tiver condições de optar, tente praticar sua corrida logo pela manhã. O dia renderá mais com certeza. Acordar quarenta minutos a uma hora mais cedo é um sacrifício muito grande para alguns, mas de grande valia para todos que conseguem. Se você é um iniciante e a performance está longe de suas pretensões, ótimo! As pessoas ainda não descobriram o valor de uma caminhada de meia hora três vezes por semana. Seu sistema cardiovascular agradecerá e muito este “inofensivo” exercício.
Caso você já tenha o hábito de correr, mas tem de se desdobrar para realizar seus treinos...

parabéns! Seja bem vindo ao nosso clube. O dos que conseguem criar tempo aonde não dá mais, será mesmo? Defina prioridades. A saúde tem de estar entre as primeiras da lista. Outra dica que posso te dar é aproveitar bem o fim de semana para treinar. Um dos melhores exemplos que conheci foi o triatleta amador Alexandre Luna, que tem o horário restrito como todos os outros; ele conseguiu treinar e completar o Ultraman, o supertriatlo de três dias realizado no Havaí, onde o atleta nada 10km, pedala 421km e corre duas Maratonas (84 km)...hã? É isso mesmo, o dia dele tem 24 horas igual o nosso!

Você quer fazer musculação também? Só tem uma hora para conciliar com o trabalho aeróbio? Sem problema. Tentar fazer um circuito mesclando os dois é uma forma dinâmica e eficiente de obter bons resultados. Como pode ver, existem várias maneiras de unir o útil ao agradável, agora o primeiro passo tem de ser dado pelo interessado. Desculpas são infinitas nesses casos. Elas só acabam quando algo de ruim acontece, tem de se parar num médico e ouvir “ou você muda seus hábitos ou morre!”.

Incrível que, após isso, o tempo aparece, às vezes tarde demais para solucionar o problema. Então, não deixe chegar a este ponto, mexa-se. ?? Acredito que você, que está lendo esta coluna agora, pratique ou goste de corrida. Sabe da importância da prática continuada da atividade física. Então, indique-a para algum amigo ou parente que você goste muito, mas que ainda não seguiu seus conselhos. A sensação de ouvir de alguém que começou a correr por sua causa é indescritível. Saber que uma atitude sua ecoou de maneira positiva numa vida alheia traz benefícios para todos que o cercam e, principalmente, para o “novato” em questão.


Como aumentar o VO2 Max?
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


Esta foi a pergunta simples e direta feita por um atleta meu semana passada. Assim como ele, muitos corredores nos abordam querendo saber o que é e, lógico, o que fazer para aumentá-lo. Resposta objetiva: treinar! ??Sem ser muito técnico, o VO2 Max é a capacidade que temos de captar o oxigênio e transformá-lo em energia. Essa capacidade classifica aerobicamente um indivíduo, então, muitos de nós ficamos preocupados excessivamente com os números, com os valores obtidos nos testes e em vez de se motivarem, acabam se subestimando. ??

A boa notícia é que esses valores não significam fatores que limitam a performance. Por incrível que pareça, por mais que um corredor tenha um VO2 Max maior que outro, não significa que o mesmo chegará na frente do adversário na competição. Vários outros fatores influenciam o desempenho. ??A melhor maneira de se medir o VO2 Max de alguém, é realizar um teste ergoespirométrico. Você já deve ter visto. É quando o atleta corre na esteira ou na bicicleta ergométrica com aquela máscara no rosto, seguindo um protocolo prescrito pelo avaliador físico para avaliar a troca de gases. Optar por esteira ou bicicleta parece um detalhe, mas não é. O Ideal é ser o mais específico possível, realizando o teste no ergômetro igual ao esporte praticado pelo avaliado. Caso não tenha condições financeiras ou acesso a um teste como esse, existem testes indiretos, com custo praticamente zero, que podem aferir seu VO2 Max de maneira eficiente também.

Primeiro dei a boa notícia, agora a má: O VO2 Max é genético. Isso mesmo. Basicamente, já viemos ao mundo com a capacidade totalitária do que podemos produzir de energia através da captação do oxigênio. Alguns estudos afirmam que podemos aumentar 20 a 30% esta capacidade, mas nada muito além disso. Outros fatores acabam por influenciar estes valores, tais como: idade, percentual de gordura, IMC, etc... Mas, como já relatei anteriormente, isso não é limitante. Pra mim, é estimulante. Saber que temos uma capacidade física e somos capazes de, através de treinamento, aumentá-la, nos deixa com o livre arbítrio de escolher entre ficar parado ou “se mexer” e ganhar saúde. ??

Como sugestão de treinos para o aumento de seu VO2 Max, cito os treinamentos intervalados. Eles o ajudarão a aprimorar seu sistema cardiovascular até o limite, aumentando a capacidade de bombeamento sanguíneo de seu coração e consequentemente, a habilidade muscular de produzir energia com menos esforço. ??O importante é saber equacionar este treinamento durante a semana e conjugá-los com outros. Não dá pra fazer isto todo dia, então, quando o fizer, aproveite bem! Não fique “morcegando” e aumentado o tempo dos intervalos com falta de atenção e bate-papo com os colegas. Se concentre naquele momento e faça seu melhor, deixe a conversa para o aquecimento e o trote final. Se você realmente conseguir dar atenção a estas sessões de treinos – não deixando as demais de lado –, tenho certeza que seu ganho de VO2 Max será significativo, principalmente no início do ciclo de treinos. Depois, nós chegamos a um platô onde os ganhos são menores, mas para atingirmos esta situação, já estaremos num condicionamento aeróbico bem melhor.


Preparação física - O importante é competir. Será?

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas




"O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade"


Era essa a máxima do educador francês Pierre de Frédy, mais conhecido como Barão de Coubertin. Pouca gente sabe, mas a autoria da frase é do bispo de Londres em um ato religioso antes dos Jogos Olímpicos de 1908. Independente do autor, o que ficou para a história é a tentativa de encontrar um objetivo maior às competições esportivas que não seja apenas a vitória.

O ser humano é competitivo na sua essência. Competimos no trabalho para nos sobressairmos; no trânsito, para chegarmos mais rápido; no status social; nos bens materiais; e também no esporte, entre outras infinitas coisas. Muitos falam e debocham que a referida frase foi feita para os segundos lugares. Acho injusto.

Tudo depende do seu referencial. Se você é um atleta amador, que corre por prazer e saúde, não deve estar nem um pouco preocupado com o que o nobre Barão propagou. O importante é correr! Gostar do que está fazendo. Escrevo isso porque no dia 8 de julho, teremos a Maratona do Rio, a Meia Maratona e a Family Run (corrida de 6 km). Vários alunos já vieram com as famosas perguntas: Qual que é um bom tempo? Será que serei o último a chegar? O primeiro faz em quanto tempo? Como diria a propaganda: veja bem... Se você está estreindo em algumas dessas distâncias, relaxe. Por mim, não levaria nem relógio.

O objetivo inicial, o chamado Plano A, é completar. Qualquer que seja a distância. Até os simplórios 6km? Sim! Para você, maratonista, pode não ser nada. Mas para a grande maioria, é a glória. É o maior esforço a que esta pessoa já submeteu seu corpo. E o Plano B? Se você é o estreante: volte ao Plano A . Se você é um veterano, trace com seu treinador uma meta plausível, e literalmente, corra até ela. Vença a competição em que o maior concorrente é você mesmo. Lembre-se, se for o caso, que um ano antes você estava chegando 5 minutos atrás de si próprio hoje.

As corridas de rua estão na moda. Quase todo fim de semana tem uma nova acontecendo e, veja que a maioria nem tem prêmio em dinheiro e nem prêmio nas categorias de idade. É simplesmente correr! Ganhar uma camiseta transada, uma medalha de qualidade, além daquele encontro social que estes eventos estão se tornando. Acho perfeitamente plausível e saudável ser competitivo . Só não acho que este deva ser o único objetivo: vencer os outros. Antes de se preocupar com os adversários, preocupe-se consigo. Curta seu treinamento, curta o processo. A luta que foi acordar cedo, as vezes com frio, dores musculares, desmotivado e, mesmo assim, encarar o asfalto. Nesta hora, a competição já havia começado e você já estava vencendo-a.

Espero te encontrar lá no Aterro do Flamengo no dia da corrida, na linha de chegada, com ácido lático até o último fio de cabelo...mas feliz da vida por estar celebrando a opção saudável que fez para você.



Bons Sonhos!
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas



Parabéns aos participantes da 1ª etapa do Estadual de Triathlon do Rio de Janeiro semana retrasada. Não só pela prova, mas pela iniciativa de se inscreverem para o primeiro triathlon (muitos eram estreantes e, entre eles, até Luciano Huck). Poucos subiram ao pódio da prova e ninguém obteve classificação para o Ironman ou Olimpíadas (nem era possível), apenas competiram. Pelo simples prazer de acordar cedo num domingo, e ir nadar, pedalar, correr e sofrer... será? O que é sofrimento para pessoas como vocês? Tenho certeza que o sorriso estampado na maioria das fotos revelou que não é correr. É claro que durante o transcorrer da prova, dói.

As pernas ardem, a boca fica seca, o coração acelerado... mas quando a linha final é cruzada, tudo muda. O sentimento de dever cumprido é revigorante. Você esquece as unhas perdidas, as dores achadas, as bocas fechadas para emagrecer e as bocas abertas para comer macarrão até enjoar. Uma dica boa para avaliar o quanto deu certo o que planejou para você durante um triathlon é o sentimento na hora de dormir. Quando a gente deita no travesseiro e começa a relembrar como foi a prova. Desde o aquecimento até a devolução do chip.

O que fizemos certo e errado e, o melhor, quando pegamos no sono com o sentimento de dever cumprido. Tipo: “Hoje dei tudo de mim, o meu melhor foi o que consegui fazer!”. A palavrinha “SE”, é um atraso na vida de qualquer um. “Se eu tivesse largado melhor”, “se eu não tivesse começado tão forte”, “se...”. Comece a praticar tirar o “Se”, concentre-se no que está fazendo, aprenda a conhecer seu corpo e suas limitações e “Faça” acontecer. Segundo Mahatma Gandhi: “A satisfação está no esforço e não apenas na realização final”. Não sei se Gandhi gostava de correr, mas ele, com certeza, quando escreveu esta frase, tentava mostrar para nós a importância de curtir todo o processo.

Em qualquer segmento de nossa vida, em qualquer objetivo, aprenda a valorizar cada esforço seu e de seus parceiros e aprenda a elogiar e reconhecer o trabalho alheio. Com certeza, a comemoração final será ainda mais prazerosa, por tudo que você passou e sentiu. Dê o seu melhor em tudo na sua vida. Tire do esporte tudo de bom que ele pode lhe oferecer. É muito mais do que boa forma física. É mental, é social, é especial. Leia bem os relatos postados por seus amigos no facebook, por exemplo, e perceba as entrelinhas, observe que hoje você participa de algo muito maior do que sonhou quando começou a treinar. E aí? Quando é a próxima?



TREINE NO CALOR… COM SEGURANÇA
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas



Atendendo sugestão de uma aluna, nesta coluna falaremos sobre as dificuldades e limitações de correr sob intenso calor. Como temos percebido, o tempo está muito instável, alternando dias de chuvas com dias de forte calor. Mesmo com o horário de verão, correr pela manhã está virando uma "caça às sombras", com corredores fugindo do sol e bebendo água a todo momento.

Quando corremos ou praticamos qualquer exercício, a maior parte da energia produzida é perdida sob a forma de calor. O certo é que no momento em que são "queimados" os combustíveis no interior das mitocôndrias, a metade da energia produzida surge como calor, deixando disponível, então, a outra metade derivada da combustão de nutrientes para efeuar a contração muscular. A quantidade desta energia disponível, que será efetivamente utilizada como energia mecânica, varia um pouco, mas podemos considerar que, no fim das contas, no máximo 25% da energia produzida durante uma corrida não são convertidos em calor. Assim, a "performance" e até mesmo a vida de um atleta de longas distâncias dependem da capacidade de seu organismo em liberar esse calor produzido, ou seja, as condicões de refrigeração do "motor" do atleta, para que ele não sofra um superaquecimento (fonte: Prof. Sergio B. Moreira).

Para auxiliar você a ter um melhor desempenho de seu "motor" no calor, seguem algumas dicas importantes que poderão te ajudar:
- Verifique as condições climáticas (na barra do lado direito do blog, tem um serviço de clima). Ao ver o índice de calor, você pode se programar melhor e ter conhecimento para seguir os outros passos que indicarei a você. ??- Beber água. Água é caloria zero. Beba-a sem medo! Correndo por períodos que excedam uma hora, você perderá mais eletrólitos do que seu corpo pode produzir naturalmente.

- Use filtro solar (inclusive na careca. Domino bem este assunto!).

- Use um boné ou viseira, além de óculos escuros. Ao adicionar estes acessórios, você aumenta suas chances de ter um trabalho físico seguro. É importante frisar que o boné deve ser de algum material que permita a evaporação do suor. Não use um boné de material grosso.

- Considere tomar uma ducha fria antes de começar. Essa dica permite que você não esquente mais rápido.

- Vestir roupas de materiais que permitam – assim como os bonés – a evaporação do suor que está sobre a pele (ex: poliamida). Evite blusas de algodão. Elas pesam e absorvem uma grande quantidade de suor. Use roupas com cores claras, pois as de cores escuras absorvem mais calor.

- Mantenha um ritmo constante durante a execução de sua corrida. Um ritmo ligeiramente mais lento do que o usual seria ótimo. Seu foco principal é manter-se hidratado e fresco.

- Cuidado. Se durante sua corrida você parar de suar, começar a sentir tonturas, câimbras, e não conseguir mais correr, pare, volte para casa e se hidrate. Estes são os primeiros sintomas da insolação. Não tente vencer o calor.



Peso Ideal?



Outro dia fui abordado por uma atleta com a seguinte pergunta: "Gostaria de saber se uma pessoa que pesa 49 quilos está apta a fazer corrida de rua? Eu não faço nenhum tipo de exercício, mas caminho muito na Lagoa Rodrigo de Freitas. Gostaria, se fosse possível, começar a me beneficiar com este tipo de corrida. Tenho 40 anos, não fumo, não bebo, não tenho nenhum tipo de doença. Sou muito saudável e a minha alimentação também"

Resposta directa à sua pergunta: Com certeza! Vou te contar um segredo: a maioria das corredoras de rua de elite pesam menos de 50kg. Então, pode esquecer sua preocupação. Eu entendo que muitas mulheres – e homens também – têm receio de emagrecer demais praticando corrida. É justo. Para minimizar este efeito, nada melhor do que uma alimentação adequada, direcionada a repor este aumento no gasto calórico derivado da corrida e, se possível, adicionar à sua rotina de exercícios a boa e velha musculação.

Antes de mais nada é válido procurar uma orientação profissional, fazer uma boa avaliação física e médica e pronto. Não é "papo piegas de professor", acho estas avaliações primordiais ao se iniciar um ciclo de treinamento. Se tudo estiver ok, comece. O quanto antes melhor!

É algo batido mas sempre vale lembrar. Não devemos ficar tão preocupados assim com o peso corporal total. A relação peso gordo/peso magro sim é mais importante. O quanto você está perdendo de gordura e ganhando de músculos é o que vai demonstrar sua forma física. Músculo pesa mais que gordura, então é muito comum você iniciar a prática de atividades físicas e não perceber uma mudança brusca no peso. Isto acontece quando você faz atividade física de maneira correta e se alimenta adequadamente. ?Você não fuma. Ponto para você! ?Você não bebe. Mais um ponto! ?Você não tem sobrepeso. Outro ponto! ?Você não tem doença. Tá demais! ?Você já caminha. Mais um! ?Resumindo: Comece a correr "ontem". Parabéns pelo seu estilo de vida. Incremente-o ainda mais, entrando num mundo que, além de todo benefício físico que trará a você, trará alegria, novas amizades e compromisso. Competição? velocidade? quanto por km? colocação? Ok, "mea culpa", eu também adoro isto.

Mas tenho certeza absoluta que, se um dia acabarem todas as corridas de rua e triathlons do mundo, eu vou continuar acordando cedo, calçando meu tênis e saindo pra correr na Praia de Icaraí, na Lagoa, nas Paineiras, no Bosque da Barra, até no playground do prédio. É bom demais! Não sei porquê. Isso não se explica, apenas se pratica. ?Bom, é isso aí. Espero que você mantenha seus 49 kg... de músculos! e incorpore a corrida como estilo de vida para sempre no seu dia-a-dia.


Entrevista especial - Alexandre Ribeiro e Vanuza Maciel
Por: Rodrigo Eichler e Marcos Dantas - Tri Sport e 3zone.com

Uma entrevista exclusiva com os triatletas brasileiros Alexandre Ribeiro e Vanuza Maciel, diretamente do Havaí. Eles que foram campeão e vice-campeã, respectivamente, do mundial de Ultraman, contam os detalhes da aventura de Endurance nos 3 dias de prova



Muito mais que um triathlon tradicional de longa distância, o Ultraman espanta pelas suas enormes distâncias. Realizado em 3 dias ( 1º dia = 10km natação + 145km bike; 2º dia 275km bike; 3º dia 84km corrida), tradicionalmente todo novembro do ano, é considerado o mundial da modalidade. A prova que circunavega a ilha de Big Island - a maior ilha do arquipélago havaiano, experimenta todos os climas e sensações da natureza, desde frio a muito calor, além dos ventos absurdos e tradicionais de Kona, como é mais conhecida a ilha havaiana. Este ano a edição coroou o pentacampeonato mundial de Alexandre Ribeiro e o excelente vice-campeonato para Vanuza Maciel. Com a palavra, nossos campeões:

Qual é a sensação da conquista do resultado no Ultraman?

Vanuza: Falei ontem no meu depoimento na premiação: Agora em dezembro eu comemoro meus 20 anos de triathlon - em todas as provas que participei este ano melhorei meus tempos, tem sido mágico. Depois de 10 anos fiz a minha melhor marca no Ironman Brasil, que em 2001 era de 10h47, esse ano fiz 10h35.

Foi o ano que treinei menos mas tive os melhores resultados. Eu não esperava, foi uma surpresa. Acho que meu corpo estava menos treinado mas minha mente estava forte. Esse ano foi abençoado como atleta e como pessoa.

Alexandre: Muito prazer, inexplicável - eu gosto de longa distância desde moleque. Cruzar aquela linha de chegada, indescritível. Só pensava nos meus filhos.

Como foi o seu treinamento e o diferencial para a priova deste ano?

Vanuza: Meu ano começou no ano passado, quando eu terminei o Ultraman 2010. Mudei para a minha cidade natal junto com minha família, voltei para Curitiba depois de 23 anos em Floripa, onde estudei, e fiz a minha faculdade. Foi muito mais qualidade do que quantidade com relaçnao ao treinamento. Fiz os treinos acumulando com as aulas que dou aos meus alinhos. No final de semana tentava simular o Utraman com as modalidades igualmente como é realizado na prova, porém em distâncias menores e crecentes a cada semana

Alexandre: Meu treinamento foi bem pouco, não tinha mais tempo pra nada. Fiz 3 treinos de bike, 3 de natação e 3 corrida semanais. Fiz bons treinos de bike de até 7 horas, 4h30 de corrida ( 35km de ritmo, 20 x 1000m) e a natação, onde nadava em média 2hs no mar, e cerca de 6.000m na piscina.

Qual a maior lembrança para cada um dos 3 dias do Ultraman deste ano?

Vanuza: Minha lembrança foi a correria da minha equipe de apoio, desde o início no primeiro dia com a Jeniffer, minha guia no caiaque na natação, e suas palavras de incentivo. O companherismo de toda a equipe de apoio e suas brincadeiras me marcou muito.

No primeiro dia a hora que o sol nasceu eu me inspirei com a beleza do mar, do lugar, dentro daquele aquário, tudo maravilhoso. Quando cansava eu olhava para o fundo e me reforçava.

No segundo dia, quando começou não estava tão frio, mas durante 40-50km teve muita chuva. Depois da entrada da cidade de Hilo, eu fiquei observando a natureza - de lá tirava minha força.

No útimo dia na dupla maratona eu falei: eu vou correr bem! e me concentrei, pois sabia que estava bem na corrida e tinha a possibilidade de alcançar a 2ª colocação. Depois de 30km, eu recebi um vento lateral e nas costas, me senti bem e comecei a cantar. Deu tudo certo.

- Vento ventania, me leva para meu destino … - eu cantava. Isso me marcou muito e assim fui indo … à Biquine Cavadão.

Alexandre: No primeiro dia, a emoção de largar é sempre maravilhosa. Coloquei as fotos dos meus 3 filhos na bike e fui me concentrando e lembrando deles o tempo todo.
Tenho 30 anos de triathlon, não tem preço essa prova.

No primeiro dia na natação inteira me senti bem, alguns golfinhos passaram. Foi bem confortável. O ciclismo foi muito bom, me senti muito forte. Foi muito sem vento o primeiro dia, estava fácil escalar a montanha do vulcão.

No segundo dia pegamos chuva muito no início da prova. Descemos bem tranqüilos, diferente dos outros anos. Quando entrei na Red road, me alimentei bem, tive bastante consciência do momento, ataquei e fui embora. A prova começou ali.

No terceiro dia não tenho como te descrever, o melhor momento foi o início onde abrimos com um ritmo muito forte. Nos meus 7 Ultramans foi minha passagem mais rápida nos 10km em 37'50.



Durante a prova qual foi o dia mais difícil e como foi?

Vanuza: Foi o final do 2º dia, depois da subida na Kohala Coast - o vento era tão forte que levantava a bike de lado. Era uma ma subida de 10km, estávamos no km 234, naquele momento. A sorte que antes de chegar a cidade de Waimea, parei, tomei coca-cola e me alimentei. Isso foi bom, me ajudou pelo que estava por vir.

Alexandre: Não tive momentos críticos, mas no início do ciclismo no primeiro dia tomei um gel aos 15km, passei mal de novo, foi muito cedo. Consegui consertar, depois de 1h comendo banana e tomando água - achei que ia acontecer igual ao ano passado onde vomitei a prova toda neste primeiro dia. Foi um momento tenso. Mas estava consciente e me recuperei.

Nota: 7 pessoas abandonaram a prova no 2º dia. Mais da metade empurrou a bike com medo de cair, calçando tênis de corrida.

Planos para 2012?

Vanuza: Caramba, já? Vou começar em fevereiro dia 3, 4 e 5 na Patagônia, 30km por dia de corrida em 3 dias, no Cruce de Los Andes. Vou fazer para curtir. Depois vou para o Ironman Brasil, tentar baixar o meu tempo.

Alexandre: Não tenho nada em mente, é muito difícil essa caminhada - cada vez mais tenho menos tempo para treinar. Sem apoio fica difícil planejar algo. Vamos ver o que acontece … .

Perfil dos campeões

Alexandre Ribeiro
46 anos
1.80
70kg
Apoios: Ao Zé Negão - vale por 10 soldados. Meu querido staff.

Vanuza Maciel
1.64
58kg
41 anos
Apoios: Fundesporte, Governo de SC, Mega Assessoria, 3T, Amaral Triathlon
Compahia Atlética de Curitiba, bolsa atleta
2007, 2010

Bate-bola

Alexandre pergunta para Vanuza:
Você pretende parar com o Ironman e ficar só no Ultraman, aqui comigo, durante um bom tempo?

-Sou apaixonada pelo Ironman apesar de toda a merchandising que é. Ainda vejo a magia no Ironman.

Vanuza pergunta para o Alexandre:
Ano passado eu vi você sofrer muito na prova e vi que ficou desacreditado, disse que não voltava mais. Gostaria de saber o que fez mudar de idéia e voltar esse ano para o Ultraman?

-Estava muito difícil naquele momento, mas depois o tempo foi passando e eu não podia deixar a minha última particiapaçnao no Havaí vomitando daquele jeito - fiquei mordido. Fiquei muito triste pois meus filhos também que estavam comigo (os 3 filhos acompanharam a priva em 2010, onde Alexandre passou mal e acabou na 4ª colocação).

Por isso resolvi voltar, e agora que ganhei o novamente, não sei como vai ser para os próximos anos.


Lá vem o Sol...

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


Este mês falaremos sobre as dificuldades e limitações de correr sob intenso calor. O verão está chegando e, como temos percebido, o tempo está muito instável, alternando dias de chuvas com dias de forte calor. Mesmo com o horário de verão, correr pela manhã está virando uma "caça às sombras", com corredores fugindo do sol e bebendo água a todo momento. Quando corremos ou praticamos qualquer exercício, a maior parte da energia produzida é perdida sob a forma de calor. O certo é que no momento em que são "queimados" os combustíveis no interior das mitocôndrias, a metade da energia produzida surge como calor, deixando disponível, então, a outra metade derivada da combustão de nutrientes para efeuar a contração muscular. A quantidade desta energia disponível, que será efetivamente utilizada como energia mecânica, varia um pouco, mas podemos considerar que, no fim das contas, no máximo 25% da energia produzida durante uma corrida não são convertidos em calor. Assim, a "performance" e até mesmo a vida de um atleta de longas distâncias dependem da capacidade de seu organismo em liberar esse calor produzido, ou seja, as condicões de refrigeração do "motor" do atleta, para que ele não sofra um superaquecimento (fonte: Prof. Sergio B. Moreira).


Para auxiliar você a ter um melhor desempenho de seu "motor" no calor, seguem algumas dicas importantes que poderão te ajudar: ??- Verifique as condições climáticas (na barra do lado direito do blog, tem um serviço de clima). Ao ver o índice de calor, você pode se programar melhor e ter conhecimento para seguir os outros passos que indicarei a você. ??- Beber água. Água é caloria zero. Beba-a sem medo! Correndo por períodos que excedam uma hora, você perderá mais eletrólitos do que seu corpo pode produzir naturalmente.

- Use filtro solar. - Use um boné ou viseira, além de óculos escuros. Ao adicionar estes acessórios, você aumenta suas chances de ter um trabalho físico seguro. É importante frisar que o boné deve ser de algum material que permita a evaporação do suor. Não use um boné de material grosso. ??- Considere tomar uma ducha fria antes de começar. Essa dica permite que você não esquente mais rápido. ??- Vestir roupas de materiais que permitam – assim como os bonés – a evaporação do suor que está sobre a pele (ex: poliamida). Evite blusas de algodão. Elas pesam e absorvem uma grande quantidade de suor. Use roupas com cores claras, pois as de cores escuras absorvem mais calor. ??- Mantenha um ritmo constante durante a execução de sua corrida. Um ritmo ligeiramente mais lento do que o usual seria ótimo. Seu foco principal é manter-se hidratado e fresco. ??- Cuidado. Se durante sua corrida você parar de suar, começar a sentir tonturas, câimbras, e não conseguir mais correr, pare, volte para casa e se hidrate. Estes são os primeiros sintomas da insolação. Não tente vencer o calor.





Como disse, continuando a coluna do mês passado, vou dar prosseguimento ao tema da volta aos treinos após uma competição alvo. Além da recuperação fisiológica, a recuperação psicológica também é bem importante. Não só pela prova em si, mas principalmente pelo longo período de treinos. Nós sempre falamos que treinar para uma maratona é bem mais difícil que fazê-la. E é! Acordar cedo, ter regras para alimentação, correr na chuva, correr sozinho, suportar as dores musculares, se recuperar das lesões, etc. Vários fatores geram por vezes um estresse que quando acaba a corrida a sensação é de prazer, mas também é de tirar um peso das costas. Repare as reações pós linha de chegada, geralmente vem um sorriso e depois um suspiro, tipo ufa!...

Quanto à recuperação psicológica, dei algumas dicas no mês passado para te ajudar a fazer este descanso mental. Quanto ao desgaste físico, a nível fisiológico, correr 42 km no asfalto é uma dureza para qualquer ser humano. O tendão calcâneo, as panturrilhas, os quadrícepes e até a coluna vertebral são sobrecarregados. O choque do pé no solo a cada passada da corrida corresponde a um força entre três e cinco vezes o peso corporal do atleta. Em média, são mais de 25 mil passos que são feitos durante uma maratona. Imagine então, esta quantidade de passos multiplicada pela força exercida. Lembre-se que esta força varia conforme o tipo de piso (quanto mais duro, maior a força exercida); a velocidade de corrida (quanto mais veloz, maior a força exercida) e o peso do corpo (quanto mais pesado você estiver, maior será a força exercida). O tênis ajuda a absorver este impacto, mas a maior parte é mesmo transmitida diretamente às pernas e às costas. Entendeu o porquê de tantas dores após as corridas longas? Com o peso médio de um homem de 75kg, cada passada numa corrida representa um impacto entre 225 e 375Kg. De vez em quando passam programas de televisão exibindo imagens em câmeras superlentas de atletas correndo. Preste atenção, é incrível! O corpo todo sofre o impacto, até o rosto se deforma na hora da pisada.

Alternativa para aliviar tudo isto? Além da óbvia diminuição do volume (quilometragem de treinos), a escolha por treinar em terrenos alternativos ao asfalto também é uma boa pedida. Por exemplo: grama, terra batida, areia fofa (atenção à nivelação do terreno), e esteira (para quem está costumado). Tudo isto colabora para um regresso progressivo aos treinos "normais". Não se esqueça das sessões de flexibilidade e alongamento, sem forçar muito. Se você não é muito flexível, não vai ser agora, cheio de dor muscular, que vai ser. Pegue leve!

Dê prioridade a corrida contínua durante este retorno, nada de intervalados e treinos muito intensos. Evite também se "empolgar" e embarcar nos treinos dos outros; muitas vezes seus companheiros de treinamento não correram a prova longa que você correu, então não é o momento de tentar acompanhá-los. Aprenda a escutar seu corpo, pois cada um de nós se recupera de maneira diferente ao esforço. A individualização do treinamento é muito importante, ainda mais nesta hora.

Para finalizar, um detalhe que por vezes é esquecido: durma bem! O sono é importantíssimo para a eficiente recuperação física. Se por acaso os sintomas de cansaço pós prova forem muito exagerados, e você não consiga se recuperar totalmente, consulte um médico. Nunca é demais dar uma "geral" e ver como nossa casa está (nosso corpo...).
 





Pois bem, passada a euforia de competir numa prova importante como a Meia Maratona Internacional do Rio, vem aquela triste constatação: o que eu faço agora? Dica rápida e prática: arrume logo outro objetivo. Não precisa ser outra prova longa, pode até ser uma corrida de 10km, mas tenha nela um alvo fixo. As provas longas são muito desgastantes psico e fisiológicamente. Por vezes, nos machucamos sem perceber, ocasionando microlesões que se "escondem" por não respeitarmos o descanso necessário e, escondidas, elas ficam por um tempo até aparecerem para estragar o resto do ano.

Para se completar uma prova longa geralmente temos de abrir mão de alguns encontros sociais, da cerveja com os amigos e de algumas refeições mais "elaboradas". Vale a pena! Mas como a maioria dos atletas não são profissionais, considero o meio termo a melhor solução. Tente encontrar um equilíbrio entre o compromisso com os treinos e o compromisso social. Ressalto esta questão pelo fato de que, caso você escolha uma prova mais curta, por mais que você queira fazê-la num tempo bem rápido, o desgaste dos treinos e o número de horas destinado a ela é com certeza menor, proporcionando a você dar atenção a algumas coisas que antes não estava podendo dar.

Voltando à questão fisiológica, conversar com seu técnico e programar este retorno é fundamental. Geralmente relaxamos tanto que esquecemos até de pegar a planilha. Ok! Então faça a planilha "light". Mesmo que aqueles treinos teóricamente não representem grande coisa, no fundo são importantes quando olhamos o macrociclo anual (bonito o nome né?...), que em português significa o planejamento de seu treinamento ao longo do ano. Além disso, essa volta programada evita que venhamos a nos deparar com um dos maiores inimigos dos atletas: o overtraining (bonito nome, parte 2). A palavra é bonita, mas o resultado totalmente feio. Ele é uma condição resultante de se fazer mais treinos do que seu corpo é capaz de recuperar. São fatores agravantes: uma dieta incorreta e a falta de descanso, inclusive como no caso em questão, o descanso pós-prova. Esse excesso de treinos pode se dar por falta de conhecimento, ou por uma orientação inadequada. Os principais sintomas são: cansaço anormal; irritabilidade; perda de apetite; contusões e resfriados frequentes; insônia; depressão e ansiedade.

Escrevi tudo isto e não te convenci a correr uma prova de distância menor? Eu entendo... também sou assim, adoro longas distâncias. A recuperação de uma maratona, por exemplo, é tão demorada que, normalmente, os atletas correm uma ou duas maratonas por temporada anual. Isto significa que a recuperação pós prova longa não deve ser encarada como a recuperação de uma corrida normal, mas também como um período de transição entre o fim de um ciclo de treinos que culminou na realização da prova longa, e o início de um novo ciclo de treinos com um novo alvo à vista, que pode ser até outra maratona.

Decida-se logo! Parar totalmente de treinar também não é salutar, pois cria ainda mais dificuldades no regresso aos treinos. Mantenha uma rotina regular leve de treinos até decidir o que fazer na sua próxima empreitada. Pode até fazer atividades diferentes, como ciclismo, natação, ou qualquer outra atividade sem grandes compromissos e riscos de lesões.

Só isso? Não! O assunto é importante e mês que vem dou outras dicas sobre o tema para vocês. Bom regresso!



Gentileza gera gentileza
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


Gentileza gera gentileza. Esta é uma das frases que mais norteiam minha vida. Palavras simples, espalhadas por viadutos da zona portuária do Rio de Janeiro, onde um homem humilde chamado José Datrino resolveu eternizá-las. José virou o “Profeta Gentileza”, e a cada dia que passa, a cada dia que corro, me lembro mais de sua frase.

Uma das coisas que mais curto nas corridas é treinar. Nos treinos cruzamos com muita gente que não conhecemos e, geralmente, nos cumprimentamos. Acontece com você também? É interessante, porque nos dias atuais, na pressa e busca incessante pelo sucesso diário, nós perdemos este hábito, aquela coisa de cidade pequena, de olhar nos olhos e dar “bom dia”. Realmente, não dá pra imaginar caminhar no centro da cidade e sair falando com estranhos, mas quando corremos, falamos com vários “estranhos”.

Quantas vezes ultrapassamos alguém na ciclovia, que nunca vimos antes, e soltamos um “vamos lá!”? Quantas vezes damos um aceno com a cabeça? Quantas vezes fazemos um sinal de positivo? Isso é gentileza! E esta gentileza gera outra gentileza; e esta educação nos torna mais educados. Espero não estar sendo utópico demais, mas este é um dos grandes baratos implícitos da corrida. Ficar magro, saudável, resistente e... gentil!

Dificilmente a gente para o meu carro para oferecer ajuda a alguém com pneu furado na rua, ainda mais nos dias de hoje, cheios de histórias de violência gratuita. Agora, já perdi a conta de quantas vezes parei meu treino para auxiliar um ciclista sentado no chão, resolvendo algum problema na bike. Percebeu? Eu percebi. A verdade é que me torno uma pessoa melhor quando estou treinando. Sou mais cortês, mais educado, mais paciente. Sou mais gentil.

Com certeza aquele senhor de barba branca, chamado de louco por muitos, de gênio por poucos , não sabia que sua célebre frase faria tamanho sucesso hoje em dia. Espero que sim. Espero que com a corrida possamos passar para as próximas gerações um conceito de saúde, mas também de parceria. Obrigado Profeta, pelas palavras. Obrigado corredores gentis, pelo incentivo diário.



Prevenir para não remediar
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


O tema da coluna desta semana gera muitas dúvidas e discussões: Corrida x Musculação. E é desta maneira que, na maioria das vezes, esta questão é abordada, uma contrapondo a outra. Quando na minha opinião é justamente ao contrário, uma ajuda a outra.

É comum ouvir nas assessorias que determinado aluno não quer malhar para não atrapalhar o desempenho na corrida? É. Como também é comum ouvir que determinado aluno lesionou o joelho depois que começou a correr? É. Já temos algo em comum! Corredores de rua tem em sua maioria uma característica:

gostam de praticar atividades físicas ao ar livre. Nós torcemos o nariz quando temos que ficar trancados num ambiente fechado levantando pesos. Eu assumo!... também sou culpado.

Quando fizer sua programação para as competições do ano, inclua a musculação no período de base (geralmente de oito a dez semanas). Não que nos outros períodos ela não deva ser feita, pelo contrário, mas o foco já é outro.

Aproveite a base, onde seu alvo está longe, para reforçar a musculatura que será exigida posteriormente com mais intensidade. Cada caso é um caso, por isso, a orientação de seu treinador é tão importante. Ele te conhece e saberá dizer qual a série mais adequada a você. O mais utilizado são séries onde a carga de pesos não é tão alta (até 60% da máxima), mas o número de repetições, sim (de 12 a 20).

Tendões, articulações e a própria musculatura agradecerão. O sistema musculoesquelético será melhorado, já que a probabilidade de lesões diminuirá e, consequentemente, seu desempenho terá uma evolução. Como o objetivo é uma melhora global de seu corpo, execute seus exercícios com calma, respeitando a respiração, com movimentos bem executados e postura adequada. Apesar da ênfase sempre ser para membros inferiores, não esqueça do abdome e musculatura paravertebral e, é claro, aproveite que está com a mão na massa, exercite os grandes grupamentos da musculatura superior.

Então estamos combinados? Quando bater aquele desânimo ao olhar a sala de musculação com seus pesos ansiosos pelo nosso corpo, pense que deve ser bem pior ter de entrar na sala de fisioterapia para aquelas famosas dez sessões que todos já passamos. Vamos correr... e malhar também. Tenho plena confiança que você não se arrependerá.




Prepare-se
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas



No dia 12/06, participei da Corrida do Rio Antigo (10km), pelo Centro do Rio. Além do belo e diferente percurso, outro fato que chamou a atenção foi a quantidade de corredores novatos participando. Muitos correm sem orientação adequada, mas estão lá! E isto é louvável!

Uma dica importante que dou é que, não importa o seu grau de condicionamento físico, você tem que respeitar as variáveis incontroláveis. Que podem ser, por exemplo: o calor, o frio, o vento, a chuva, etc. Não adianta reclamar. Não vai mudar em nada – nem ajudar – já que não temos controle sobre isto. O melhor que podemos fazer é treinar bem e controlar o que podemos, no caso do calor, pode ser: a hidratação, a proteção à pele, o uso de roupas adequadas etc. Quando falo do grau de condicionamento é para mostrar que mesmo os bem preparados fisicamente, podem passar mal. Cada um, no seu nível, faz força na hora da competição. Tanto o primeiro colocado, correndo a 3'/km, quanto os que vêm mais atrás, correndo no dobro do tempo o mesmo quilômetro. Um bom exemplo disto é a famosa cena da suiça Gabrielle Andersen nas Olimpíadas de Los Angeles,em 1984, entrando cambaleando no Estádio Olímpico. Ela era a última? não. Foi a 37a entre 44 competidoras. Gabrielle correu no bloco da frente um bom tempo e, no final, teve aquela crise que acarretou a memorável caminhada, levando 10 minutos para percorrer 400m.

Este exemplo mostra que mesmo uma atleta top pode "quebrar". Imagine então as pessoas que treinam sem compromisso, não se alimentam direito, não se hidratam adequadamente e se inscrevem nas corridas motivadas pelo amigo que já corre (mas treina), pelas camisetas transadas, pelo "oba-oba" pós-prova. Isso tudo é ótimo, mas... pode acabar mal. Respeite a prova e tenha humildade para reconhecer seu limite, seja este em qualquer nível. Prepare-se! este é o foco. Participar de uma corrida é o maior barato. Treinar é que é difícil. E pular esta etapa primordial pode custar caro mais à frente.

Dicas:

– Treine, de preferência sob orientação;
– Hidrate-se adequadamente;
– Não invente uma alimentação "mágica" pré-prova;
– Proteja sua pele;
– Corra no seu ritmo;
– Divirta-se! Domingo foi feito para relaxar e curtir. Lembre-se disso.




Óculos. Ter ou não ter?
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração Marcos Dantas


Correr de óculos escuros há 20 anos era o que chamamos de "marra". Só alguns poucos profissionais usavam e quando algum amador colocava, todo mundo já olhava torto, tipo "tá querendo aparecer!". Me lembro que um dos mais conhecidos profissionais de corrida era o Delmir dos Santos, excelente corredor e sempre de óculos escuros, e o melhor: não era marrento!

Alguns amigos me questionaram sobre a necessidade real de correr de óculos escuros, pois perceberam que quase não veem quenianos correndo com o equipamento. Minha opinião? Eu acho ótimo.

Um fator que muitos não percebem, mas que ajuda bastante quando estamos competindo de óculos escuros: eles escondem nossa cara de sofrimento. Veja uma foto sua correndo de óculos e veja outra sem os mesmos... ai! Correr dói, a gente já sabe disso. Só que o nosso adversário não precisa saber.
Quando estou realmente competindo, lutando por uma posição numa corrida de rua ou triathlon, e tenho de ultrapassar alguém que está quase no mesmo ritmo que eu, visto minha versão ator. Relaxo o rosto, mantenho a postura bem ereta e ainda mando um educado: vamos lá! Depois que ultrapasso, volto ao... ai! Nessa hora, os óculos ajudam e muito. Os modelos de hoje são leves, conseguem ficar fixos ao rosto e protegem da radiação ultravioleta.

Para nosso auxílio, abaixo, seguem algumas boas dicas do dr. Alexandre Pereira, membro e professor da Sociedade Brasileira de Oftamologia:

"De uma forma geral, óculos escuros de boa qualidade serão suficientes para dar o conforto necessário. Caso você sinta desconforto contínuo, pode ser sinal de alguma irritação ocular, talvez em resposta à agressão do próprio sol, do cloro da piscina ou sal do mar, ou ainda do vento; nesses casos podem ser necessárias gotas de colírio lubrificante, antialérgico ou anti-inflamatório, dependendo da causa do mal- estar. Estamos falando sobre o verão, mas mesmo no inverno ou nos dias nublados há uma grande quantidade de radiação UV na atmosfera, os óculos escuros devem ser usados durante todo o ano.


Os óculos escuros não precisam ser de grifes importadas, nem caríssimos.

Basta que tenham proteção contra a radiação ultravioleta. Óculos de má qualidade, embora reduzam a luminosidade, dilatam a pupila e aumentam a incidência da radiação ultravioleta sobre a retina e o cristalino. Devemos pedir o certificado de garantia do fabricante contendo a curva espectral - mostra que não deixa passar UV.

Para proteção do vento e poeira, os óculos precisam ser mais fechados do lado, se forem muito apertados vão embaçar com a evaporação do suor. É preciso experimentar vários modelos para encontrar aquele mais adequado ao formato do rosto de cada pessoa.

Caso você utilize lentes de contato, tenha cuidado. A água do mar, dos rios e de piscinas contêm micro-organisos que não devem morar em nossos olhos. As lentes absorvem a água desses meios e leva os germes junto. Não é adequado o uso de lentes de contato na prática de esportes aquáticos. Óculos de mergulho e natação com lentes corretoras podem ser encontrados nas melhores ópticas.

Os filtros solares nunca devem ser passados muito próximo dos olhos.
Especialmente os protetores que tem PABA, sigla de ácido paraaminobenzóico, um dos primeiros ingredientes de proteção usados nos filtros solares químicos, e que podem causar alergias. Devemos optar por filtros livres de PABA, ou PABA Free, como costuma aparecer nas embalagens. Uma dica é o uso de viseiras ou bonés, próximos das sobrancelhas, que além de absorver o suor, podem fazer proteção solar evitando-se o filtro na testa durante o exercício."




Continuamos a subir
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas



Na última coluna, falei sobre as vantagens logísticas de se treinar em montanhas. Hoje, vou falar sobre os benefícios físicos e mentais, e cuidados que temos que ter com o treinamento morro acima. A primeira preocupação para quem vai começar ou já tem o costume de correr em montanhas é a de não se machucar, evitando lesões a curto e longo prazo. A intensidade e duração de um programa de corrida devem ser bem dosadas para que não cause nenhum desequilíbrio muscular. A "empolgação" de correr num local tão prazeroso pode, por vezes, ocasionar uma sobrecarga maior sobre tendões e ligamentos, principalmente nos tornozelos. As panturrilhas também sofrem a ação do esforço, já que na subida, temos a tendência de correr com a parte anterior do pé.

No plano físico, a corrida em montanha desenvolve qualidades específicas, particularmente úteis em detrimento ao trabalho no plano. A potência e força de membros inferiores, e o desenvolvimento geral da musculatura são alguns dos ganhos que ocorrem na busca constante do equilíbrio no trabalho nas trilhas.

No plano do reforço muscular e dos tendões, a corrida de montanha também reforça os ligamentos na cintura pélvica, joelhos e quadril. A sobrecarga sempre existirá, mas se for bem dosada, só trará benefícios.

No plano mental, a corrida de montanha permite romper com a monotonia dos percursos urbanos ao propor uma variedade de paisagens assombrosas associadas ao maravilhoso ambiente deste tipo de treino.

No plano tático, a corrida de montanha constitui a melhor escola para aprender a dominar o decorrer de uma competição, e enfrentar os percursos com mudanças de ritmo, como acontece na Maratona do Rio, por exemplo.

Contrariamente à imagem que muitos corredores construíram, a montanha não é algo tão imponente cuja transposição exija esforços sobrehumanos! Pelo contrário, as mulheres, por exemplo, apresentam-se por vezes com vantagens em relação aos homens, por uma melhor relação peso-potência. A vantagem das corridas em montanha está na eliminação, logo à partida, do estresse da luta contra o cronômetro e no privilegiar do esforço pessoal dando maior ênfase às reações do próprio corpo, em especial ao nível respiratório. A diferença na qualidade do ar provoca sensações sem paralelo, por vezes com grande impacto emocional, mas às quais nos habituamos com facilidade.

Importante:

O primeiro e mais importante pré-requisito para o bom desempenho em subida é alta capacidade aeróbia. Se você arfa e se sente cansado assim que começa a correr num declive moderado, logo vai estar em apuros se a inclinação continuar por muito tempo. Para vencer uma montanha, você deve ter a resistência muito boa, para que as pernas e braços não se cansam cedo demais, e você deve ter boa capacidade aeróbia, para evitar desperdícios de energia.

Para conseguir aumentar sua capacidade aeróbia e correr com mais facilidade nos morros, te dou uma dica: pedale. O quê? É isso mesmo, pedale para poder correr melhor... Na Austrália, por exemplo, mais de 80% dos corredores de elite de montanha treinam um volume significativo de ciclismo como parte de sua formação. Ciclismo fortalece o quadríceps e os músculos do abdômen, e desenvolve um condicionamento global para você.




Para o alto e... avante
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas

Calor. Parece que não vai acabar nunca este nosso calvário para treinar e se proteger do sol. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) todas as capitais brasileiras, apresentam nível extremo de radiação. O excesso de exposição aos raios ultravioleta é o principal responsável por doenças como câncer de pele.

Além de todas as recomendações que você já ouviu falar: protetor solar, bonés, chapéus, boa hidratação etc., recomendo uma outra alternativa: Correr em locais de altitude mais elevada. Certa vez, Chris Carmichael, famoso técnico do ciclista americano Lance Armstrong, proferiu a seguinte frase: "Feliz é você que mora numa cidade que tem montanhas". Este sentimento serve tanto para ciclistas quanto para corredores. O Rio de Janeiro, neste ponto, é privilegiado. Tem uma floresta tropical dentro da metrópole. Quando Carmichael sugeriu o treinamento em montanha, é lógico que ele estava olhando principalmente para o aspecto de melhora física do atleta. Mas no nosso caso, além disso, tem o aspecto logístico da execução do treino. Está bem difícil treinar ao nível do mar. Não dá para ficar lutando contra o sol, ele não se importa com nossa opinião... mas podemos buscar alternativas e, uma delas, é pegar o tênis e correr (literalmente) para as Paineiras, por exemplo.

Alto da Boa Vista, Floresta da Tijuca, Vista Chinesa, Cristo Redentor, Sumaré, não faltam opções para treinarmos, abrigados do sol e do calor e, além de disso, melhorarmos sensivelmente nosso condicionamento físico utilizando o treino com subidas. De cara, você sentirá um ganho na capacidade aeróbia; e sentirá os tornozelos, quadrícepes, quadris e glúteos mais fortes. Realmente, durante a semana, é mais difícil ir para estes locais executar o treinamento. Cada um de nós tem sua agenda, seus horários e compromissos. Mas, no fim de semana, vale a tentativa. É impressionante a diferença climática. Você chega para treinar às 10h, quando na orla o circo está "pegando fogo", e começa a correr numa boa, cheio de árvores, sombras, além de um visual prazeroso.

Na próxima coluna, vou me aprofundar mais sobre os benefícios físicos e fisiológicos de se treinar nas montanhas. Até lá, não me espere. Escolha um morro na sua cidade e faça seu treino mais leve e pesado da semana. Pesado pelas inclinações, e leve pelo clima e pela "social" pós-treino. Este, um dos grandes "benefícios" de praticar a corrida.




Corridas de rua. Para que te quero?
Por Alexandre Ribeiro, Colaboração Marcos Dantas 

Todos já sabem que sou suspeito para falar do prazer em participar de corridas de rua. Cresci no atletismo, correndo pelo Flamengo (mesmo sendo tricolor doente...), e adoro estas competições, prova disso é que com 13 anos já corria minha primeira meia maratona, há 35 anos. Hoje, como treinador e triatleta, estas corridas continuam sendo muito importantes para mim e para meus atletas.

Cada vez mais é comum ver triatletas inscritos em provas de corrida, utilizando-as como treinamento. Com uma multiplicidade de esportes individuais para competir, treinar em corridas de rua pode realmente ser a melhor maneira de aprimorar seu final de prova num triathlon.

Pegar as ruas para treinar oferecerá diversas formas para aumentar o desempenho no triathlon, ou seja, permitindo a você ter uma ideia de quão rápido você pode correr, sendo este um indicador de sua aptidão com o qual progresso pode ser medido. Em segundo lugar, o ritmo de sua corrida será em geral maior do que você normalmente faz quando treina, dando o máximo e fazendo um trabalho realmente bom. Terceiro: é uma ótima maneira de se acostumar com as demandas psicológicas da competição, permitindo recriar a atmosfera e a energia nervosa que acontece antes do início da prova; além da adrenalina inicial e o limiar de dor.

Existem muitas oportunidades de competir em distâncias diferentes em provas locais. Procure corridas que te permitam dar um treino de bike antes da largada. Dando esta pedalada, você ficará aquecido e lhe ajudará a reproduzir as sensações de transição de bike para corrida (T2). Tente seguir a mesma dieta que faria para uma competição chave, definindo uma estratégia nutricional que auxiliará a tornar o seu dia de prova um grande sucesso.

Para participar destas corridas, certifique-se de escolher um dia de acordo com seu planejamento de treinamento. Faça-a após um dia de recuperação completa, e que você saiba que não causará muito impacto em sessões futuras de treinos, onde você precisará estar forte para conseguir o benefício máximo. Embora seja tentador dar o máximo nesta corridas/treinos, pise um pouco no freio. O objetivo é correr num ritmo elevado, mas não o máximo.

Agora o mais importante: divirta-se e desfrute o prazer de participar de uma corrida sem a pressão de uma competição importante.




MUDANÇA DE ARES

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas  

Essa coluna é inspirada num fato que tem se tornado comum nos atletas de hoje: trocar de esporte. Claro que é difícil acontecer um pro migrar para outro esporte e continuar focando uma carreira profissional, mas um ex-pro passar a competir como amador em outra modalidade tem sido cada vez mais comum.

Certa vez tomei conhecimento matéria sobre uma ex-campeã olímpica; era uma nadadora alemã que nadava desde os quatro anos e, no seu auge, com 24 anos, ela soltou esta pérola: “Estou louca para os Jogos Olímpicos terminarem para eu nunca mais ter de olhar para uma piscina.” E ela fez exatamente o que disse. Ganhou o ouro olímpico e não nadou nunca mais. Saturou! Este é o termo mais usual.

As cobranças e abdicações que um atleta profissional tem de passar são muitas vezes faladas como coisas que qualquer mortal, com condições e patrocínio, passariam. Não é bem assim. Raras são as vezes que esta relação custo benefício tem a balança pesando para o lado dos benefícios. Junte a isso a procura por novos objetivos; o tempo pra família; para os estudos e para a nova profissão, batendo o cartão de ponto como a maioria das pessoas. Resultado: mudança.




Um bom exemplo recente desta questão é um atleta que treino, o ex-nadador profissional Rafael Gonçalves, 30 anos. Nadando desde os três anos, já foi – dentre outros títulos - bicampeão da cobiçada Travessia dos Fortes no Rio de Janeiro; várias vezes campeão brasileiro dos 200 mts costas e 400 mts medley; representante do Brasil em Campeonatos Mundiais, Copas do Mundo, etc.. E agora? Fez seu primeiro Ironman em maio deste ano e já está inscrito para o seu segundo, no ano que vem. Ele já parou de nadar há cinco anos mas não tem jeito, a tal da endorfina fica lá pertubando, querendo saber quando vai entrar em ação novamente. É claro que ele já tem uma base feita de nadador, mas vai ter de ralar para aprender o ciclismo e principalmente, a corrida. Grande dificuldade para os ex-nadadores.

Outro que está no caminho inverso é Iazaldir Feitosa, 35 anos. O meu amigo e hoje técnico de corrida, já foi um corredor profissional, com vitórias em corridas como Circuito das Estações e com um tempo de 2h21min na Maratona. E agora? Outro inscrito para o Ironman Brasil 2011. Sua estreia seria em 2010, mas um problema de última hora o impediu. Tudo bem! Isto não é nada para quem está acostumado com dificuldades. Seu dever de casa? O inverso do Rafael: tem de desenvolver sua natação principalmente.

Exemplos não faltam deste troca-troca saudável entre modalidades esportivas. Muitos praticantes de corrida hoje, foram ex-atletas de outros esportes que trazem um grande lastro fisiológico, uma essencial bagagem de conhecimento e, pelo que tenho acompanhado até agora, uma garra incrível. São pessoas que passaram muito tempo “contando azulejos”, “babando” no asfalto e, simplesmente, não aceitam a palavra desistir. É duro treinar com esses caras! Essa experiência deles é muito bem-vinda nos outros esportes.




Prepare-se!
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas  

“Se tivesse seis horas para cortar uma árvore, passaria as primeiras quatro afiando o machado.”

Essa frase de Abraham Lincoln ilustra bem a importância do assunto de nosso primeiro artigo sobre corrida de rua: Avaliação e Preparação. Não vejo sentido em se avaliar físicamente alguém, se não for usar o resultado de maneira prática, como também é, no mínimo, negligencioso, iniciar a preparação física de uma pessoa – atleta ou não – sem uma prévia avaliação funcional da mesma.

Estamos vivendo um boom das corridas, um renascimento, onde várias equipes e assessorias esportivas recebem a cada dia novos adeptos, ávidos por receber planilhas miraculosas que solucionarão todos os problemas, desde emagrecer só “dois quilinhos” a conseguir completar uma maratona. Que bom! Que continuem procurando orientação adequada, já que não estamos falando de carro, ou de bicicleta, mas do nosso corpo. O que fizemos com ele até hoje para chegarmos ao estágio, benéfico ou não, no qual chegamos.




Apesar da natural ansiedade que se tem em receber as planilhas e começar a treinar, não devemos nunca pular etapas e, se tratando de nossa saúde, o risco não vale o desprezo por um dos princípios básicos do treinamento desportivo: o da individualidade biológica. Somos seres diferentes, com qualidades e limitações distintas. Nossa grande aliada neste processo inicial de preparação são as avaliações funcionais, tanto médicas quanto físicas.

Desconfie se um programa de treinamento desportivo não começar com pelo ao menos uma anamnese bem feita. Feito isso, a avaliação médica, composta por exames laboratoriais e clínicos, não só é recomendada como, por exemplo, em academias, é obrigatória por lei. Segundo o professor Victor dos Santos Jr, diretor do Centro de Avaliação Física e Treinamento (que tem na história da empresa mais de 130.000 avaliações físicas realizadas), no caso da corrida, a avaliação da capacidade aeróbia é o foco do trabalho inicial.

“Com as ferramentas e aparelhos que dispomos hoje, não cabe mais o achismo para montar o programa de treinos de qualquer indivíduo”, diz Victor.

É claro que nem sempre se tem os recursos financeiros ou logísticos para se fazer testes de consumos direto de oxigênio ou análise de lactato, como, por vezes, nem necessários são. Pode-se chegar às frequências cardíacas de treinamento com testes indiretos, com custo mínimo, bastando um relógio e pista com marcação para isso. Feito isso, vamos testar o conhecimento de nossos orientadores! Agora que temos a informação, a base, vamos solidificar o terreno e treinar, correr com segurança e certos de que o treino que estamos realizando foi feito respeitando nossa individualidade e que nossa preparação está, antes do desempenho atlético e da estética, focada na melhora ou manutenção de nossa saúde.



Depressão pós-parto
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas  

Todos já ouvimos falar sobre este termo né? Por fatores psicológicos ou biológicos isso acaba acontecendo no ciclo de vida da mulher após o nascimento de seu bebê. E depressão pós Maratona? Por incrível que pareça, também existe. Acontece quando fica um vazio; uma falta de objetivo após ter cumprido a grande meta do ano, como realizar um Ironman... quase um mês atrás!

Certa vez, vi uma entrevista com a carismática triatleta Madonna Buder, então com 75 anos, falando que o treinamento para um Triatlo Ironman (completou 31 provas!) ou Maratona (completou 37 provas!) era como a gestação de uma criança. Você passa meses vivenciando aquele processo, para no final acontecer o nascimento, a realização do sonho. E depois do sonho, vem o quê? O céu?

Para muitos, não. Vem um baixo astral, um desânimo já que o principal objetivo do ano foi cumprido e, na maioria das vezes, qualquer prova que venha depois não será tão importante quanto foi a que passou. Isso é natural, acontece com muita gente, mas reversível. O que fazer então?

Vamos por partes: dê atenção a parte física. Caso tenha treinador, converse com ele e veja o que deseja; estabeleça uma meta plausível. Reduza o volume dos treinos, diminua o impacto causado por treinos fortes, como os intervalados, em seu corpo, dedique-se a alongamentos e relaxamentos musculares com mais afinco para, aos poucos, ir retomando o ritmo para a próxima competição.

Na parte psicológica, o que te recomendo é criar logo um objetivo. Não importa que não seja uma prova longa. Será uma meia maratona? Tudo bem, vamos fazer nosso melhor tempo! 10Km? Vamos desenvolver outras qualidades, outras valências e tornar essa distância menor um objetivo tão expressivo quanto completar 42km. Vale também realizar uma prova diferente: corrida cross ou trail também é uma boa (teremos uma em breve, dentro do triatlo Xterra, em Angra dos Reis), caso queira continuar nas longas distâncias, tem a maratona de Foz do Iguaçú; se quiser distâncias menores: Cicuito Adidas, Fila Night Run (misto de areia e asfalto). Como vimos, opções não faltam.

Às vezes, a solução para sair desta situação pós prova, por incrível que pareça, é ficar sem correr. Como assim? Isso mesmo. Tenha como objetivo dar mais atenção à família, aos filhos, aos amigos. Complete aquele curso que você estava deixando de lado com a mesma garra que treinou para a corrida. Tente não ficar totalmente sem correr. Apenas mantenha a forma até cumprir esta etapa de sua vida e daqui a pouco, alvo à vista, vá com tudo. Essas “férias” ativas são necessárias e benéficas em todos os sentidos. Aproveite-as e divirta-se, sempre.

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" Levanta, sacode a poeira..."

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas

...e dá a volta por cima.” Quantos programas esportivos você já assistiu que usaram esta música, de Paulo Vanzolini, para apresentar alguma matéria sobre a recuperação de um atleta após uma grande decepção? Vários? Este clichê já está batido, mas ainda é perfeito.

Mostrar a frustração de alguém sempre é doloroso. Agora, mostrar que esta pessoa conseguiu ter forças para se recuperar e “tocar a bola para frente” é revigorante. Mostra realmente do que somos feitos e a grande capacidade que o ser humano tem de superar adversidades. ??Todos nós que corremos há muitos anos já passamos por isso ou conhecemos histórias de pessoas que passaram. Sejam atletas profissionais ou amadores, o pensamento é o mesmo: “O que deu errado?!”.

Treina-se tanto, investimos por vezes dinheiro, tempo, abre-se mão de ficar com a família, com os amigos, e na hora H... ??O escritor Içame Tiba citou que “às vezes, olhamos com tanto pesar para a porta que se fechou para nós que acabamos por não ver as outras que se abrem à nossa frente.“ Esse é o ponto que destaco. Mude o referencial, tente aprender a ser alguém melhor na hora da adversidade. É nesta hora que conhecemos os homens e mulheres de valor e caráter.

Pessoas que na hora que o problema aperta, quando a solução está a quilômetros de distância (literalmente no nosso caso) não desistem, ficam e não deixam “roer a corda”. São essas pessoas que queremos que estejamos ao nosso lado nos momentos difíceis, são essas pessoas que voltam das guerras com medalhas de honra e bravura, e são essas pessoas que vemos nos programas esportivos fazendo coisas que mostram a todos nós como somos dotados desta capacidade e, por vezes, ignoramos. A capacidade de se superar. ??

Diego Hypólito, Vanderlei Cordeiro de Lima, Ronaldo, Lance Armstrong; não faltam exemplos para olharmos, ficar de boca aberta e pensar “o cara conseguiu...de novo!”. Já está mais do que provado que, no alto nível atlético, a diferença física é muito pequena. O que conta no fim é quem – naquele dia – está mais apto a sofrer; que cabeça está mais preparada para aquele momento que todo mundo já passou... “e aí? Desisto ou continuo?” Continue! (se isso não for comprometer sua integridade física). Os atletas vencedores não são seres de outro planeta, eles nasceram com talento, treinam muito e usam aquilo que é inerente a todos nós, nossa força mental. ??

A essência da humanidade está no movimento. Quem fica parado, morre. A corrida é praticada pelo homem há milhares de anos e nós, seus amantes, fazemos parte dessa evolução. Um dia ela já foi usada para caçar; hoje, é usada por nós para diversão e manutenção da saúde. Nunca devemos esquecer este sentimento, o porquê de correr. Todos temos algum motivo pessoal, mas não deixe que este se torne o único objetivo. Aprenda a curtir seu treinamento para que, quando ocorrer uma decepção, você esteja pronto para superá-la e transformar o fato em um momento de aprendizagem e crescimento pessoal, provando que sempre temos uma reserva de força e obstinação escondida no nosso corpo.



" Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."


Sábio foi Guimarães Rosa quando escreveu este pensamento. Toco neste assunto motivado por uma boa razão: o aumento significativo de equipes e assessorias esportivas focadas principalmente em corrida e triathlon.

No último sábado
, na Fila Night Run, observamos várias tendas espalhadas pela área do evento, prontas para prestar um serviço cada vez mais requisitado pelos corredores: orientação esportiva.

Quando um dia
fomos aprender a nadar, o que nossos pais fizeram? Escolinha de natação para gente. Basquete? Idem. Vôlei? Também. Correr? Garanto que não teve escolinha, né? Não os condeno. Eu tive a sorte de, com 13 anos, ir correr no Flamengo – sou tricolor! é bom lembrar... – e isso me ajudou muito a desenvolver minha técnica. Correr é um movimento natural para os seres humanos, fazemos isso há muito tempo. Como a maioria de nós não tem ambições olímpicas, corremos naturalmente, sem preocupações maiores. Que bom! Esta simplicidade é que faz da corrida o barato que é, basta ter um tênis (alguns conseguem a façanha de correr descalço!, vide meu amigo Ultraman Sergio Cordeiro) e disposição para sair da cama.

Agora, quando você quer melhorar seu condicionamento, seu rendimento, desenvolver técnicas de movimentação, amplitude de passadas, postura ideal, flexibilidade, orientação para compra de material etc... procure uma assessoria. Sério? A gente consegue melhorar tudo isso? Espero que sim!... ou uma boa parte.

Cada vez mais, a busca por conhecimento tem aumentado. Essa procura é mútua, entre mestres e alunos, entre técnicos e atletas. Essa troca é o gostoso desta profissão: trabalhar com gente, diretamente. Doar e receber dores musculares e sorrisos de agradecimento, ouvir desde um “não aguento! Você tá de mau humor? O treino está muito forte!” até “obrigado por ter me treinado, não conseguiria sem você.” Esse tipo de declaração vale mais do que qualquer coisa. Vale o ingresso, vale o diploma, vale a motivação que faz, de nós, professores, sairmos de casa e tentarmos agregar à sua vida algo mais do que oito horas de trabalho diário. Vale tentarmos fazer algo que não estava escrito no parágrafo anterior e é inerente a todas as equipes e assessorias: integração social. As amizades que cultivamos neste convívio podem ser sólidas e as vezes eternas, e espero (é o que mais quero), poder desfrutar delas até minha velhice. Quando seremos aqueles avós com pinta de atletas, cheios de histórias para contar sobre corridas aos netos e é claro: MUITA SAÚDE.




" EU VI O CARA!"

Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas

Pense num lugar paradisíaco. Acrescente a esta paisagem uma lenda do esporte mundial, um punhado de atletas de alto nível, uma pitada de aventura e organização a gosto.


Foi com esta "simples" receita que ocorreu no fim de semana de 26 a 28 de março o MultiSport Accelerade, um evento inédito que além de contar com 5 competições distintas ofereceu uma clínica com o hexacampeão mundial de Ironman, Dave Scott, simplesmente "The Man", em português, o Cara. Dave sempre foi meu ídolo e tive a grande oportunidade de treinar com ele nos Estados Unidos há alguns anos atrás.


Mostrando simpatia inenarrável e farto conhecimento do tema, Scott pôde passar a todos os participantes, técnicas, dicas e, principalmente, experiência, não se furtando a responder qualquer pergunta. E olha que na turma de alunos estavam comigo, Fernanda Keller, Alexandre Manzan, Marcus Ornellas, Armando Barcellos e até o nadador Luis Lima, entre outros. Alunos afiados quando o assunto é triathlon e superação.


A abertura do evento foi um jantar de massas, com apresentação de um vídeo sobre a carreira vitoriosa de Dave Scott. Já no sábado, pela manhã, ele participou um biathlon contando com todas as feras do triathlon nacional. Não bastasse isto, teve gás para correr na Trail Run ao final da tarde e, no domingo pela manhã, uma travessia no mar de 2 km. Tudo isso aos 56 anos de idade. A importância da presença de um ídolo entre nós é indescritível. A força que a figura dele passa, junto com sua humildade, cativa todos à sua volta e, em todos os esportes, isto é muito importante, preservar e valorizar quem já fez algo nobre no passado. Nos Estados Unidos nunca se referem aos atletas como, por exemplo: "...este é o ex-campeão do Ironman do Havaí". Lá, ele vai ser sempre "Champion". Parece besteira ou vaidade mas não é. É respeito, é valorização, é reconhecimento a alguém que contribuiu para o crescimento do esporte. Foi um presente poder conviver com Dave esses três dias em Búzios. Valeu "Champion"!


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SUPERAR LIMITES - Parte 2
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas

Quinzena passada, iniciei esta coluna com uma apresentação pessoal e a parte embrionária de minha história. Hoje, apresento a vocês "o pulo do gato", onde comecei a competir e "frequentar" este pedaço de terra do Pacífico que tanto direcionou minha carreira. O Havaí é uma ilha de magia e belezas desconcertantes. A diversidade de seu relevo e condições climáticas a tornam um lugar muito belo, mas ao mesmo tempo desafiador, quando o assunto é esporte. Seja no surf ou no triathlon, o Havaí é o máximo. É onde meninos são separados dos homens. É onde a palavra chave é superação... e eu adoro esta palavra!

Fui para o meu primeiro Ironman do Havaí confiante no que tinha treinado, com dedicação de um profissional. Estava com 18 anos e era o mais novo da prova, terminei-a em 11h42min15s. Meu técnico havia calculado 1h15min de nataçao, 6h30min na bike e 3h30min de corrida. Eu fiz 1h05min de natação, 6h07min de ciclismo e 4h29min na maratona (tive falta de ar a partir do km 8 em diante, o que me obrigou a andar praticamente todo o percurso), e mesmo assim completei a prova e foi sem dúvida uma das maiores emoções da minha vida.

De volta ao Brasil comecei a treinar algumas pessoas com a experiência adquirida e ainda em novembro de 84, um mês depois, corri o 4º triathlon do Brasil, chegando em 5º lugar geral. Ainda em dezembro de 84, fui 2º lugar no 1º triathlon de Brasília, vencido por Carlos Dollabela. Em janeiro de 85 fui novamente 2º no 1º triathlon de Caiobá (Paraná), vencido também por Dolabella. Sabia que estava perto de uma vitória, quando na primeira etapa da seletiva do campeonato brasileiro em março de 85 venci minha 1º prova estando nela os melhores triatletas do Brasil, dentre eles: Roger de Moraes, Carlos Dolabella, Carlos Gaglianone, Marco Ripper, Luiz Eduardo Tizzano e outros. A partir daí ganhei autoconfiança, pois sabia que poderia correr de igual com qualquer outro atleta do Brasil. Foi um começo de grandes alegrias com vitórias e derrotas.

Hoje, olho para trás e só tenho a agradecer tudo que o esporte como triathlon me proporcionou na vida, conhecendo vários países e culturas, fazendo amizades pelo mundo e conhecendo grandes atletas como Dave Scott (6 x campeão do Ironman do Havaí), com quem tive a oportunidade de treinar no ano 2000 em Boulder, no Colorado (EUA). Já competi 30 Ironmans na vida, sendo 12 deles no Havaí, e ainda sou viciado neste esporte. Além, é claro, de 5 Ultramans (também no Havaí), onde pude vencer quatro.

O mais importante para se tornar um grande atleta é o prazer de treinar e competir, o amor pelo esporte, sem querer mostrar nada para ninguém. Lute por aquilo que você realmente sonha, seja paciente, pois os resultados não aparecem da noite para o dia. Só com muita disciplina, determinação e perseverança você alcançará seus objetivos.

Tive muita sorte de ter uma família que sempre me apoiou desde pequeno. Eles foram os meus maiores incentivadores e estavam sempre presentes em todas as competições. Sempre preocupados com meu futuro, ficando sempre aquela dúvida... será que ele vai conseguir viver do esporte? Ainda mais de triathlon? Consegui ter ao longo de 12 anos (de 1985 a 1997) bons patrocinadores que deram suporte para me manter profissionalmente no esporte. Depois fiquei 6 anos sem patrocínio, mas mesmo assim ainda competindo. A história do Ultraman? Essa fica para uma próxima. É a alegria de competir, vencer e ter os filhos como testemunhas.


SUPERAR LIMITES - Parte 1
Por Alexandre Ribeiro, com colaboração de Marcos Dantas

Sabe o que é?

Segundo o Dicionário Luft, "limite" é a fronteira, a divisa, o fim... segundo o "meu" humilde dicionário, é o que fazemos todos os dias quando acordamos, só em estar vivo já é superar seus limites. Nesta coluna que escreverei quinzenalmente, abordarei temas relacionados ao esporte, mas também tocarei em assuntos de nossa vida cotidiana, e como a prática esportiva – profissional ou não – nos ajuda a transpor essas fronteiras, esses limites diários.

São muitos os obstáculos para se ultrapassar em nosso dia-a-dia. Falando mais especificamente do meu esporte, o triathlon de longas distâncias – como o Ironman e o Ultraman –, é você achar que pode mais e mais a cada competição. Nunca pensar que já chegou ao seu limite, e isso está ligado diretamente ao seu estado de espirito mental e físico. Bom, para comerçarmos nossa relação, é preciso me apresentar. Então vamos lá! Hoje e na próxima coluna, vou dedicar estas linhas para que você possa entender um pouco minha história.

Sempre fui apaixonado por provas de longas distâncias. Me lembro que com 6 anos de idade corria com meu pai do Arpoador até o Leblon jogando bola um para outro. Dava uma distância de 6 km pela areia. No colégio, com 10 anos de idade, tive a oportunidade de ser escolhido pelo professor Cooper, técnico da equipe do Flamengo, para fazer atletismo pelo clube. Já de cara viram que eu levava jeito para provas de longas distâncias. Corria pelo Flamengo 1.000 metros (distância daquela época para atletas até 13 anos). Ainda com 11 anos, substituí um atleta do Clube correndo os 10 km e, paralelamente, corria as provas de rua organizada pela CORJA (Corredores do Rio de Janeiro).

Com 13 anos corri duas meias-maratonas (uma delas para 1h24min). Com 15 anos duas maratonas. Treinava as longas de sábado com os atletas que participariam da maratona. Isto tudo organizado pelo Jornalista José Inácio Werneck, a quem devo muito pelo grande incentivo que me dava na epóca como corredor e triatleta. Com 16 anos estava treinando para os 100 km de Uberaba a Uberlândia, quando li na revisa VIVA, do Jornal do Brasil, que três brasileiros tinham competido no Ironman do Hawaii. Fiquei fascinado. Isto foi em 1982. Na mesma época, no programa Esporte Espetacular, passaram imagens da prova com aquela chegada emocionate da Julie Moss (entre no Youtube e se emocione com as imagens), chegando no Ironman do Hawaii engatinhando e perdendo a prova a 3 metros da linha final. Ficou em segundo, mas mudou a história do Ironman.

Me lembro que depois daquela imagem, chorei de emoção. Estava decidido a treinar para o Ironman do Hawaii, abandonando os 100 Km. Só que tive que esperar um pouco mais, pois o Ironman tinha limite de idade, e naquela epóca estava apenas com 16 anos. Decidi começar a treinar para a primeira prova oficial no Brasil, em maio de 1983. Não tinha bike e peguei uma emprestada do meu primo, uma Caloi de 20 kg. Até então só pedalava nos finais de semana e nunca tinha nadado em piscina. Meu treino era todo no mar. Largaram na prova 400 atletas, e terminei em 20º. Fui desclassificado – com mais outros 200 triatletas – por erro de percurso, graças ao staff da prova que orientou mal os participantes. Fiquei frustado, mas decidido a treinar ainda mais para minha segunda prova, em novembro de 1983. Terminei como 6º brasileiro e 10º na geral, já que tinham participado da prova quatro americanos. Ainda neste dia, tive contato com o vencedor desta competição, Dean Harper, e fui treinar com ele, orientado pelo seu treinador, Marc Evans, em Sacramento, na Califórnia, para meu primeiro Ironman do Havaí.

Foi uma experiência sensacional: treinando 4 meses com um dos melhores técnicos de triathlon dos Estados Unidos, perto de toda informação, tecnologia, alimentação, material de natação, ciclismo, corrida... Triathlon era moda no país da bola oval. Tinha prova todos os finais de semana, em todos os estados. Ali aprendi a nadar e pedalar, e foi onde carimbei meu passaporte no esporte como profissional. Na próxima coluna, conto como foi meu início no Hawaii, e como minha vida seguiu para este rumo.